Forjando Universos: O que é preciso para criar um mundo?

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Salve salve, aventureiros! Muitas pessoas me pediram pra fazer um post sobre como criar cenários, e eu enrolei bastante pra começar a escrever pois sabia que seria um tema extenso e complexo; então eu pensei: por que um post só?

Então estou abrindo hoje aqui no blog a sessão Forjando Universos, onde falarei ao longo de diversos posts sobre a minha experiência criando mundos para jogos narrativos e dando dicas para mestres (e jogadores) iniciantes e veteranos utilizarem em suas mesas. Então vamos começar pelo básico.

A primeira coisa a se perguntar é: Por que raios você quer criar um mundo?

Existem zibilhões de cenários prontos, da fantasia ao sci-fi, dos mais sombrios aos mais coloridos, e você quer criar um novo? Sim! Você quer! Por que não há limites para a sua imaginação, você tem uma ideia inovadora (tem, né?) e nada pode detê-lo nessa empreitada cósmica para se tornar o deus de um novo mundo!

Então ok, vamos lá, vamos desenvolver essa sua ideia incrível.

Quando você cria um universo para um jogo narrativo, ele pode ser um cenário ou não. Se você planeja criar todo o universo conhecido, sem que haja qualquer coisa além das fronteiras do cosmos (sendo ele apenas um mundo ou um multiverso composto por vários mundos), então você está criando um cenário. Um cenário é composto por tudo de que se tem notícia de existir, ou seja, é um mundo de jogo completo.

Você também pode estar pensando em criar uma dimensão, outro plano ou um mundo paralelo, e isto não é um cenário, mas sim um complemento para outro cenário (previamente selecionado para receber sua prótese cósmica).

Na primeira opção, você terá de fazer tudo do zero; e nós sabemos que “fazer do zero” nunca é literal. Comece pensando sobre com quais mundos o seu novo cenário se parece. Pode ser que você queira criar um mundo com o tom semelhante ao de algum cenário de fantasia que você goste, mas com um avanço tecnológico muito maior ou uma raça alienígena invasora que está gerando um conflito; ou talvez o seu cenário seja praticamente idêntico ao mundo real, com um único ponto de divergência fantástico ou sobrenatural, como o despertar de anjos antigos ou o surgimento de humanos com poderes psiônicos. Você pode usar dezenas de referências, pegar o que você mais gosta de diversos cenários e ir montando o seu Frankenstein. Só não esqueça de encaixar bem cada ideia e polir tudo no final para que o seu mundo não fique com aquela cara de colcha de retalhos.

Não importa quantas referências você vai juntar ou o quanto o seu cenário possa acabar se parecendo com outro, desde que você tenha uma ideia central que torne ele único; afinal, nada se cria, e o nosso trabalho aqui é reciclar as ideias e usá-las de um jeito novo, algo que realmente soe original.

No segundo caso, você está criando um anexo para um universo que já existe; você pode adicionar um continente além das águas conhecidas em um cenário cujas fronteiras ainda não foram completamente desbravadas (como em Reinos de Ferro), ou pode criar uma nova dimensão para um multiverso que já possua viagens planares (como em Tormenta); neste caso, você não precisa necessariamente de uma ideia central revolucionária, apenas use este anexo como uma ferramenta narrativa para enriquecer o cenário com algo que você acha que falta para a sua mesa, ou algo que possa tornar o jogo mais divertido para o seu grupo, mas sem tirar o brilho do cenário que você usa como base.

Criar uma dimensão ou um reino anexo para um cenário já existente pode trazer muitas possibilidades para expandir a sua narrativa, ou talvez seja até algo essencial para executar uma ideia que você teve; seja qual for a sua motivação, assegure-se de que este complemento que você está criando faça sentido dentro da proposta do cenário base, e se não fizer, acredite, você pode encontrar uma boa explicação para que se torne plausível. Tudo é possível quando se trata de universos fantásticos.

Voltando aos cenários completos, agora que você já decidiu de quais cenários vêm suas referênciasqual a ideia central que torna o seu universo único, é hora de costurar os detalhes e aparar as arestas.

Procure remover do cenário tudo que seja muito particular de um outro universo; se você quer fazer uma homenagem, torne-a sutil. Dê peculiaridades ao seu universo, pequenos detalhes que ajudem a ressaltar e lembrar da sua originalidade a todo momento; talvez os humanos tenham naturalmente cabelos e peles de cores exóticas, algum tipo específico de animal saiba falar ou o Sol e a Lua sejam de outra cor; estes detalhes podem não influenciar diretamente no enredo da sua campanha, mas com certeza farão com que o cenário seja mais imersivo e a experiência da sua narrativa se torne mais intensa.

E por fim, decida quem vive no mundo que você está criando; se é um mundo de fantasia, existem muitas raças tradicionais para você escolher e modificar. Definir as proporções também é uma ideia interessante; os Elfos podem ser um povo muito antigo e quase extinto que vive recluso no interior dos ermos, ou então uma raça dominante que superou a quantidade de humanos e construiu suas próprias metrópoles entre as árvores. Se você está criando um cenário sci-fi futurista, pode ser que existam androides, ciborgues e alienígenas, mas como exatamente eles são? E como funcionam suas mentes em relação às mentes humanas? E sobre as outras criaturas que vivem neste cenário? Como são os animais, os monstros e as plantas? Cada um desses detalhes é uma chance de criar algo original e tornar a sua narrativa cada vez mais fascinante.

E por hoje nós ficamos por aqui. Gostou das dicas? Tem alguma dúvida ou sugestão? Deixa aí nos comentários, e não esqueça de compartilhar o post nas redes sociais para levar essas dicas para terras além do horizonte! ;]

Um abraço de Urso-Coruja, e muito loot pra vocês!

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